Sobre o Caso Ilha de Trindade
 

Em 16 de janeiro de 1958, o fotógrafo profissional fluminense Almiro Baraúna, a convite da Marinha brasileira, integrou a tripulação do navio-escola Almirante Saldanha, para pesquisar a Ilha da Trindade, no litoral do Espírito Santo. O navio-escola Almirante Saldanha realizava pesquisas relacionadas ao Ano Geofísico Internacional e possuía uma equipe de caça submarina na sua tripulação, que tinha como missão recolher espécies raras de peixes. Já Baraúna tinha o papel de fotografar o fundo do mar e documentar a pesquisa.

          O navio estava atracado na Ilha da Trindade e se preparando para retornar ao continente quando algo insólito ocorreu. Era por volta das 12:15 horas e Almiro Baraúna estava deitado no convés, pois tinha se sentido mal. Repentinamente, começou uma grande movimentação e gritaria do pessoal de bordo. O capitão Viegas chamou Baraúna para que ele fotografasse um objeto metálico que apareceu sobrevoando o mar. Imediatamente Baraúna pegou sua máquina fotográfica Rolleiflex e bateu a primeira foto. Alguns segundos depois, Baraúna bateu a segunda foto. Logo em seguida, o objeto passou por trás do Pico Desejo, um dos pontos mais altos da ilha, o que fez com que ficasse fora do campo visual da tripulação do navio. Alguns segundos se passaram e o objeto reapareceu do outro lado do Pico Desejo, ficando novamente visível. Nesse momento Baraúna bateu uma terceira foto. O objeto aumenta drasticamente sua velocidade em direção do horizonte, mas Baraúna ainda conseguiu registrá-lo numa quarta foto, antes que ele desaparecer totalmente.

           Na verdade Baraúna bateu seis fotos ao todo, mas duas delas ocorreram de forma acidental, quando ele foi empurrado pela tripulação, que corria de um lado ao outro em completa histeria diante da insólita visão do UFO. Numa delas aparece somente o mar e, na outra, um pequeno pedaço da ilha com o horizonte marítimo inclinado. De fato, toda a tripulação ficou bastante abalada com o episódio, sendo que alguns homens chegaram a apontar suas armas em direção do objeto.

          O tempo de duração do incidente foi em torno de 14 segundos. O objeto, em forma do planeta Saturno, veio do mar, sobrevoou a Ilha da Trindade, passou por trás do Pico Desejo, retornou ao mar e disparou em altíssima velocidade, até se perder de vista na direção do horizonte.

           Durante o episódio, toda a parte elétrica do navio apresentou um mau funcionamento, sendo que as lâmpadas ficaram fracas e o rádio ficou com o sinal ruim. Uma hora depois, quando todos já tinham se recuperado do susto, o comandante solicitou que Baraúna revelasse imediatamente as fotos. Para tanto, improvisaram um revelador num pequeno laboratório do navio. Baraúna retirou o filme da câmera na presença do capitão-de-corveta Carlos Alberto Bacellar, entre outros oficiais presentes, e revelou as fotos em cerca de 10 minutos. Segundo um relatório oficial do almirante-de-esquadra Antônio Maria de Carvalho (Documento Confidencial nº 0098/M-20), logo em seguida “os negativos foram mostrados a membros da tripulação, testemunhas oculares do aparecimento. Eles confirmaram que as imagens nos negativos eram idênticas ao que avistaram no ar”.

A revelação foi realizada com extremo cuidado, pois Baraúna não teve tempo de regular a abertura do diafragma no momento em que fez as fotos, o que produziu uma exposição exagerada do filme e, assim, havia o risco de se queimar os negativos durante o processo de revelação.

           Tendo como base a análise dos negativos e os depoimentos das testemunhas, os peritos estimaram que o objeto tinha 40 metros de diâmetro, 07 metros de altura e estava a cerca de 14 quilômetros de distância do navio. O UFO voava com uma velocidade mínima de 1.200 km/h, sendo que a velocidade aumentou consideravelmente quando disparou na direção do horizonte, sumindo da vista das testemunhas.

           Quando o navio finalmente começou a viagem de retorno ao continente, o comandante chamou Baraúna para uma conversa particular. Segundo Baraúna, o comandante afirmou que as fotos eram de propriedade militar. O comandante deixou claro para Baraúna que, antes de divulgá-las, era necessário obter a autorização da Marinha. O comandante também avisou Baraúna que ele seria chamado para depor sobre o incidente nas investigações militares do caso.

          Quando o navio chegou em Vitória (ES), tendo que permanecer atracado por dois dias, Baraúna resolveu retornar para Niterói de ônibus. Chegando lá, tratou de ir imediatamente a um laboratório para ampliar as fotos do negativo já revelado. Depois de quatro dias, o comandante da Marinha procurou Baraúna para intimá-lo a comparecer no Serviço Secreto da Armada, sediado na cidade do Rio de Janeiro na época.

           Chegando lá, Baraúna foi interrogado sobre diversos assuntos relativos ao caso, sendo que sua permanência foi das 08:00 até as 16:00 horas. Os militares pediram os negativos emprestados e Baraúna concedeu. Num primeiro momento, os militares levaram os negativos até o laboratório aerofotográfico da empresa Cruzeiro do Sul. Depois eles foram encaminhados para a Kodak, situado em Rochester (EUA). Os negativos foram alvos de testes eletrônicos e químicos, não sendo encontrado qualquer mínimo indício de fraude ou trucagem. Depois de vários dias, finalmente os militares devolveram os negativos e Baraúna notou que as suas bordas tinham sido raspadas. Depois de um mês, as fotos de Baraúna foram liberadas para divulgação pelo almirantado.

           Mas antes que Baraúna pudesse divulgá-las, ele foi surpreendido pelo anúncio do jornal Correio da Manhã, que afirmava que publicaria com exclusividade as impressionantes fotos de Baraúna no dia seguinte. O jornal tinha obtido cópias das fotos diretamente do então presidente Juscelino Kubitschek, que estava passando alguns dias na cidade de Petrópolis, interior do Rio de Janeiro.

          Diante disso, Baraúna procurou o jornalista João Martins e entregou cópias das fotos originais para que o caso fosse publicado pela revista O Cruzeiro, numa cobertura mais completa e precisa – o que acabou ofuscando o “furo jornalístico” do jornal Correio da Manhã. Posteriormente, foram feitas 40 cópias das fotos de Baraúna e distribuídas para os principais jornais do Rio de Janeiro. Assim, o Caso Ilha da Trindade acabou se tornando público e comentado por todo o país e pelo mundo.

           Em abril daquele mesmo ano, o Estado-Maior da Armada se pronunciou oficialmente, após ter encerrado as suas investigações, confirmando a veracidade do caso e endossando a autenticidade das fotos de Almiro Baraúna. Porém, o relatório militar sobre o caso não foi divulgado sob alegação que se tratava de um documento confidencial.

           Mas surpreendentemente, anos mais tarde, vários documentos relativos ao caso acabaram sendo divulgados numa revista argentina. Um dos documentos cita que havia acontecido vários avistamentos de UFOs na Ilha da Trindade, inclusive em data anterior ao incidente envolvendo as fotos de Almiro Baraúna. Esse relatório é encerrado com a seguinte declaração: "A partir da existência de informes pessoais e da evidência fotográfica de certo valor, considerando-se as circunstâncias em que foi obtida, admite-se a existência dos UFOs".

Fonte: Painel Ovni
www.painelovni.com.br